sexta-feira, 3 de março de 2023

 

Quarentena – parte 2 – 03/03/2023


Então…

Nada mudou.

Não foram só 30 dias. Foram quase 3 anos de pandemia.

A vida hoje está praticamente normal.

Se o “vírus” tinha o propósito de fazer a humanidade parar com a insanidade de buscar o ter em detrimento do ser, parar com a arrogância de não enxergar o outro como semelhante, parar de não se ver parte da Natureza e sim à parte dela, enfim, não funcionou para a grande massa.

Ao contrário do que ser esperava, temos guerra, desprezo aos povos originários, analogia à escravidão, tentativa de golpe político, mais fome, mais depressão, mais suicídios, mais violência.

E a Terra parece estar enojada com essa espécie que se diz inteligente.

Ela está se tremendo de indignação. Está chorando chuvas nunca antes vista.

O que precisará acontecer para aprender a sermos verdadeiramente Humanos?

Felizmente uma pequena parcela acordou. Se descobriram como seres integrados, mais fraternos. Mas que se encontram hoje perdidos, porque já não se encaixam mais no antigo padrão, no antigo trabalho, e estão na busca de encontrarem algo que faça mais sentido, que não traga a desconexão de volta. É uma busca difícil num mundo tão individualizado e desumano.

Eliane Lira

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Quarentena parte 1 - 17/04/2020

Nunca mais o mundo será o mesmo depois do Covid-19.
Trinta dias trancados e isolados, e nunca estivemos tão conectados ao nosso mundo como agora.
Todo o Planeta vivendo a mesma realidade. Com um vírus que não faz discriminação de raça, cor, religião, classe econômica, status social e etc. 
Todos estamos vulneráveis. Uma hora você precisa ir ao mercado e se expor lá fora.
Uns levando com mais leveza, outros entregues ao medo. Mas há uma tensão latente no ar.
É o fim?
Talvez o fim para muitos conceitos, o fim para muitas ações, e o fim da inação,o fim do individualismo, o fim da burocracia burra. 
O Planeta Terra grita e pára a humanidade. Precisamos pensar em um novo jeito de nos relacionarmos com nosso Planeta. 
O Covid está para nós como nós estamos para a Terra.
Ou a gente muda... ou a gente... muda.

Eliane Lira

sábado, 28 de maio de 2011

'Carência'

Noite suavemente fria, uma solidão sombria...

Hoje é um daqueles dias, quando recebo aquela visita insistente e inconveniente.

Por que insiste em vir? ... não bate na porta, não avisa sua chegada, simplesmente chega e se instala como se fosse esta a sua casa.

Sua presença me incomoda, me faz sofrer, me faz pensar, me faz doer.

Traz a saudade do que não tive, saudade do que não vivi, saudade do que nunca senti.

Ah! visita indesejada, que me castiga e me faz poetizar... Vá embora antes que eu comece a sangrar.

Não és bem vinda.

Pegue sua mala de saudades e sonhos distantes e vai pra longe de mim.Pare de me perseguir.

Espero um dia, a minha porta estar fechada para ti e não encontrares mais abrigo em minhas lágrimas, em minha cama, em meu coração, em meus sonhos.

Então, minhas noites serão de luares e estrelas, meus dias serão de luz e agitação, os meus sonhos estarão presentes.

Sonho de perto, sonho pra abraçar, sonho que me chame de 'rosa' e me deixe toda prosa.

Este dia irá chegar. Mas, enquanto não chega, vê se esquece meu endereço. Me esqueça.

Eliane Lira
São Paulo, 28/06/2004 as 00:10

O que é a Vida?

É o respirar contínuo...
É o pulsar do coração...
É o sangue correndo nas veias...
É poder cantar uma canção?

É o olho no olho...
É o contato de outra mão...
É a boca na boca...
É ouvir a outra respiração?

O que é a vida?...

É o sexo sem amor...
É o amor sem sexo...
É o corpo que se entrega...
O côncavo e o convexo?

É o sofrer da alma...
A angústia do coração...
O contorcer das entranhas...
O dia sem emoção?

O que é a vida?...

É o sonho de um homem
Em ter uma mulher
E se casar com ela
Sem a certeza se é isso que quer?

Ou será o desejo da mulher
De ser amada e desejada
E em sua entrega total
Se vê esquecida...desprezada?

Me digam por favor, o que é a vida?...
É tudo isso?... É só isso?...

Que vida é essa que vivo?
De sonhos frustrados, sonhos roubados
De lutas sem fim
De conflitos internos
De instinto ruim...

De inteligência improdutiva
De intelectualismo contigo
De pensamentos profundos
Que ficam só comigo...

Esqueceram de mim?
Onde estão todos?

O barco afundou e ninguém me avisou?
O mundo acabou, eu sou a única que restou?

Onde está a solidariedade, a amizade, a compaixão?
Onde está a mão estendida, a palavra amiga, o abraço do irmão?

Vida...
Palavra abrangente
Significado contundente.

Existência
Modo de viver
O período entre o nascer e o morrer
Isto é o que o dicionário tenta me dizer

Termino com uma observação:
Existência ou Persistência?
Embora não entenda da vida toda a sua abrangência
Vou continuar teimando, tentando, insistindo
Encarando a existência com boa consciência.
Persistindo...logo, existindo...

Atos 17:28: "Porque Nele vivemos, e nos movemos, e existimos..." - (Bíblia Sagrada)

Eliane Lira.
São Paulo, 27/09/2004 as 23:00

quinta-feira, 26 de maio de 2011

E isso...

O difícil não é lutar pelo que mais se quer
e sim pelo que mais se ama;
Eu desisti,
não por medo de lutar e sim
por não ter mais condições de sofrer...

Bob Marley

terça-feira, 24 de maio de 2011

Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores

Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho

Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim

Vander Lee - Meu jardim

domingo, 22 de maio de 2011

Metade - Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também
.